segunda-feira, 20 de outubro de 2014

APRENDI

                  Aprendi, em casa e na vida, que a justiça é um bem e um objetivo essencial e que, mesmo diante de uma injustiça que nos seja favorável, devemos combater essa última. E também que justiça social deve ser um imperativo ético.
                Aprendi que não basta que eu seja igual a um pequeno grupo se nem todos tiverem as mesmas oportunidades. E que para que isso seja alcançado, todos precisam estar imbuídos de um espírito coletivo. E que assim poderemos, efetivamente, avaliar os méritos de cada um.
                Aprendi que o ódio é horrível, mas que o ódio injustificado e/ou fabricado é hediondo. Que a fraternidade e a solidariedade devem ser fundamentos e não motivos de se execrar aos que a praticam e aos que a recebem.
                Aprendi, mesmo não tendo (e nem querendo) uma formação religiosa, que aqueles que muito pregam são os que menos praticam os valores, ou que praticam apenas conforme a sua conveniência. Imaginava, incauto, que as religiões defendessem o que hoje vejo os líderes religiosos atacando.
                Aprendi que um mundo melhor não se faz com discursos, sobretudo com discursos falsos que prometem paraísos na terra, mesmo sabendo-os inatingíveis. Que exploram a ingenuidade e a má informação com interesses absurdamente escusos.
                Aprendi que, infelizmente, às vezes pensamos estar cercados de boas pessoas, mas que se revelam crápulas e que a nós, só nos cabe, nos afastarmos e, quando o fato for criminoso, insistirmos na investigação e na punição.
                Aprendi que acusar sem provas pode ser o mais grave crime contra a honra de alguém, mas que a difusão de acusações sem provas, como se já fossem auto-prováveis, pode ser muito pior.
                Aprendi que o estímulo ao não pensar é perigoso, pois já se pegam discursos montados conforme conveniências que, na maioria das vezes, não são as de quem ouviu e que mesmo assim o propagou. É vantajoso para aqueles que querem disseminar ilusões, mentiras, ódios...
                Aprendi que a cultura de que, para o que não vimos e não conhecemos, não nos importa sua dignidade e que, para muitos, não interessa se vai ou não haver retrocesso nesse ponto, desde que os atingidos estejam longe.
                Aprendi que a hipocrisia é um caminho que conduz muitos aonde querem chegar,mas que, decididamente, não será a minha escolha.
                Aprendi que para que o mundo melhore não depende só de mim, mas que se eu não for meu ponto de partida, em muito pouco poderei contribuir. E que o privado depende do público e não devem se anular, ao contrário, devem se complementar.
                Aprendi que sobre aqueles que até hoje não entenderam ou não aceitaram nem a Lei Áurea, o que dirá sobre programas sociais e distribuição de renda. E que a mesquinhez e o egoísmo são abjetos.
                Aprendi que não há ‘salvadores da pátria’ e que o Brasil, infelizmente, nunca será a Suécia, embora estejam te querendo que você acredite. Mas que, para que se melhore, é preciso começar pelos que mais precisam.
                Aprendi que uma eleição não é um Fla-Flu e que lendo, sobretudo buscando fontes menos contaminadas, aprendo muito mais e consigo entender melhor todo o quadro que se apresenta.
                Aprendi que o Brasil não é só meu, nem só da minha família ou do meu grupinho, nem que o governante deve zelar apenas pelo meu patrimônio ou pelo meu emprego ou pela minha exclusiva prosperidade.
                Pra quem ainda não aprendeu essas coisas, informo que ainda há tempo. E que para aqueles que não querem aprender mais nada, ou que pensam exatamente o contrário, só me cabe lamentar. Estamos em um momento crucial de escolha em que tudo isso está em jogo. Pense bem e descubra quais são os seus reais valores. Use isso na hora de votar. 

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