sexta-feira, 3 de outubro de 2014

A VERDADE, POR FAVOR

            O comprometimento da mídia conservadora com a chamada “velha política”, notadamente demonstrado por Globo e Veja seguidas pela Folha, presta, para usar de um eufemismo, um enorme desserviço à população brasileira. O (mau) jornalismo interessado e a indignação seletiva de seus intelectuais anódinos acaba por induzir o telespectador e o leitor desavisados a comprarem as ideias por elas expostas. Há casos emblemáticos como a demonização do PT e o endeusamento dos tucanos, vitaminados nessa reta final eleitoral em proporções incríveis.
                Em ano (e período) eleitoral, seria ética, embora utópica, uma enxurrada de esclarecimentos e de transparência para que o leitor saiba um pouco mais das “verdades” às quais é apresentado diuturnamente. A verdadeira Jihad, nociva ao ambiente democrático, criada, sobretudo por Fernando Henrique, e insuflada herculeamente pelos barões da mídia contra o Lulo-petismo alimenta a camuflagem, a maquiagem e o engodo. Churchill sabiamente anunciou: “Não existe opinião pública. O que existe é opinião publicada”. Anoto, repetindo de antemão e por imperioso, que não sou filiado ao PT.
                Qualquer pessoa que já ligou uma televisão esse ano já ouviu alguém entoando do outro lado o mantra que o mensalão petista foi o maior escândalo de corrupção de todos os tempos, fazendo com que o PT se elevasse ao papel de inimigo número um do Estado, um Estado, ressalto, historicamente corrupto escorado por uma sociedade também historicamente corruptora. Mas isso não deve ser dito... Agora vem a Petrobras... Querem, de todas as maneiras, atribuir responsabilidade (quase que exclusiva) à presidenta, esquecendo-se do fato de que o verdadeiro responsável já está preso.
                Números não costumam mentir e muitas vezes socorrem. É o caso. Cumpre, a bem da verdade, descontruir-se o mito criado em torno do chamado mensalão do PT. Adiante-se que não se trata aqui de qualquer defesa que não seja a defesa da verdade. Sou visceralmente contra a corrupção em qualquer circunstância. E nesse banho de realidade, o tucanato se encharca, vejamos. Nem Aécio, com sua pregação de falsa virgem, escapa.
                Relatório do Supremo Tribunal Federal na ação penal 470 (mensalão do PT) revela que foram movimentados no escândalo 102 milhões de reais. Um ervanário considerável e inadmissível, mesmo sendo dinheiro privado. Cumpre informar que ainda não há cálculo do mensalão do PSDB mineiro, pai do outro, nem do metrô de São Paulo, rapinado pelos tucanos. No entanto, segundo cálculo do Ministério Público, o mensalão do DEM em Brasília, irmão siamês do PSDB na era FHC, movimentou incríveis 739 milhões de reais! O desvio de verbas do TRT paulista, que levou à cadeia apenas o juiz Lalau, conforme o Tribunal de Contas da União foi da ordem de 169 milhões em 2001, sem atualização.
                E o mais eloquente e devastador de todos: as privatizações promovidas por Fernando Henrique tungaram do país, segundo o jornalista Aloysio Biondi, dois bilhões e quatrocentos milhões de reais!!! Estima-se ainda que o escândalo do Banestado, dos vampiros da saúde e do Banco Marka também consumiram fortunas na casa dos bilhões, com dois dígitos! Sem falar na compra da aprovação da reeleição de FHC, na qual cento e cinquenta (!!!) parlamentares receberam duzentos mil reais cada. Uma verdadeira aula de corrupção com objetivo político. O povo que parece crer (ou fazer com que creiam) que o PT inventou a corrupção no Brasil deve estar confuso...
                Seria da ingenuidade de um jornalista da Globonews perguntar agora qual (ou quais) é o maior escândalo de corrupção da história do país. O que cabe é a conclusão insofismável: as privatizações. Petrobras (que ainda carece de muita apuração) será fichinha. Mas a pecha já foi imposta e a verdade não interessa mais. Opa! Mas não a todos. Imaginei, inocente e raso como um colunista da Veja, que a verdade era importante para a mídia e que deveria sempre ser revelada a bem da nação. Ledo engano.

                O lema parece ser: “o que tem de bom a gente não mostra ou mostra com desmerecimento (como a declaração da ONU de que o Brasil é atualmente referência em redução da fome e da pobreza). O que nos interessa a gente escancara”. Um dos líderes da turba, William Bonner, já declarou (sem corar) que o telespectador do Jornal que ele capitaneia e que domina a audiência é simbolizado pelo Homer Simpson. Quem conhece o personagem sabe do que eu estou falando. Deveriam se indignar ou, ao menos, tentar se informar melhor para poder exigir um “posto” melhor na hierarquia Bonneriana. Sugiro, ao cabo, a blogosfera da internet como “purificadora” de informações.

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