O comprometimento da mídia
conservadora com a chamada “velha política”, notadamente demonstrado por Globo
e Veja seguidas pela Folha, presta, para usar de um eufemismo, um enorme
desserviço à população brasileira. O (mau) jornalismo interessado e a
indignação seletiva de seus intelectuais anódinos acaba por induzir o
telespectador e o leitor desavisados a comprarem as ideias por elas expostas.
Há casos emblemáticos como a demonização do PT e o endeusamento dos tucanos,
vitaminados nessa reta final eleitoral em proporções incríveis.
Em
ano (e período) eleitoral, seria ética, embora utópica, uma enxurrada de
esclarecimentos e de transparência para que o leitor saiba um pouco mais das
“verdades” às quais é apresentado diuturnamente. A verdadeira Jihad, nociva ao
ambiente democrático, criada, sobretudo por Fernando Henrique, e insuflada
herculeamente pelos barões da mídia contra o Lulo-petismo alimenta a
camuflagem, a maquiagem e o engodo. Churchill sabiamente anunciou: “Não existe
opinião pública. O que existe é opinião publicada”. Anoto, repetindo de antemão
e por imperioso, que não sou filiado ao PT.
Qualquer
pessoa que já ligou uma televisão esse ano já ouviu alguém entoando do outro
lado o mantra que o mensalão petista foi o maior escândalo de corrupção de
todos os tempos, fazendo com que o PT se elevasse ao papel de inimigo número um
do Estado, um Estado, ressalto, historicamente corrupto escorado por uma
sociedade também historicamente corruptora. Mas isso não deve ser dito... Agora
vem a Petrobras... Querem, de todas as maneiras, atribuir responsabilidade
(quase que exclusiva) à presidenta, esquecendo-se do fato de que o verdadeiro
responsável já está preso.
Números
não costumam mentir e muitas vezes socorrem. É o caso. Cumpre, a bem da
verdade, descontruir-se o mito criado em torno do chamado mensalão do PT.
Adiante-se que não se trata aqui de qualquer defesa que não seja a defesa da
verdade. Sou visceralmente contra a corrupção em qualquer circunstância. E
nesse banho de realidade, o tucanato se encharca, vejamos. Nem Aécio, com sua
pregação de falsa virgem, escapa.
Relatório
do Supremo Tribunal Federal na ação penal 470 (mensalão do PT) revela que foram
movimentados no escândalo 102 milhões de reais. Um ervanário considerável e inadmissível,
mesmo sendo dinheiro privado. Cumpre informar que ainda não há cálculo do
mensalão do PSDB mineiro, pai do outro, nem do metrô de São Paulo, rapinado
pelos tucanos. No entanto, segundo cálculo do Ministério Público, o mensalão do
DEM em Brasília, irmão siamês do PSDB na era FHC, movimentou incríveis 739
milhões de reais! O desvio de verbas do TRT paulista, que levou à cadeia apenas
o juiz Lalau, conforme o Tribunal de Contas da União foi da ordem de 169
milhões em 2001, sem atualização.
E
o mais eloquente e devastador de todos: as privatizações promovidas por
Fernando Henrique tungaram do país, segundo o jornalista Aloysio Biondi, dois
bilhões e quatrocentos milhões de reais!!! Estima-se ainda que o escândalo do
Banestado, dos vampiros da saúde e do Banco Marka também consumiram fortunas na
casa dos bilhões, com dois dígitos! Sem falar na compra da aprovação da
reeleição de FHC, na qual cento e cinquenta (!!!) parlamentares receberam
duzentos mil reais cada. Uma verdadeira aula de corrupção com objetivo
político. O povo que parece crer (ou fazer com que creiam) que o PT inventou a
corrupção no Brasil deve estar confuso...
Seria
da ingenuidade de um jornalista da Globonews perguntar agora qual (ou quais) é
o maior escândalo de corrupção da história do país. O que cabe é a conclusão
insofismável: as privatizações. Petrobras (que ainda carece de muita apuração)
será fichinha. Mas a pecha já foi imposta e a verdade não interessa mais. Opa!
Mas não a todos. Imaginei, inocente e raso como um colunista da Veja, que a
verdade era importante para a mídia e que deveria sempre ser revelada a bem da
nação. Ledo engano.
O
lema parece ser: “o que tem de bom a gente não mostra ou mostra com
desmerecimento (como a declaração da ONU de que o Brasil é atualmente referência
em redução da fome e da pobreza). O que nos interessa a gente escancara”. Um
dos líderes da turba, William Bonner, já declarou (sem corar) que o
telespectador do Jornal que ele capitaneia e que domina a audiência é
simbolizado pelo Homer Simpson. Quem conhece o personagem sabe do que eu estou
falando. Deveriam se indignar ou, ao menos, tentar se informar melhor para
poder exigir um “posto” melhor na hierarquia Bonneriana. Sugiro, ao cabo, a
blogosfera da internet como “purificadora” de informações.
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