Praqueles imbecis que pedem
intervenção militar, volta da ditadura ou que pensam que vivemos em uma
ditadura “bolivariana” (embora nem saibam o que significa) vai a sugestão: se
mudem pro Paraná. O que se viu no último dia 29 de abril mostra como funciona a
repressão a protestos nobres e lícitos em regimes dessa natureza. E olha que
eram professores... É dessa reação “justa” e “legal” que esse povo que defende
regime militar gosta?
Professores
protestando pacificamente por direitos que estavam prestes a lhes ser tomados.
Assim como tem acontecido em São Paulo e outras partes do país. E a mídia
tucana chamando de confronto. Confronto??? Isso requer um mínimo de paridade de
armas. Eram cartazes e gritos contra balas de borracha, sprays, cacetetes, bombas
de efeito moral e pitbulls. Os relatos e as imagens, sobretudo, são
estarrecedores. Destoando, surpreendentemente, até Ricardo Noblat chamou o
governador do Paraná de estúpido.
O
governador Beto Richa (ou Beto Hitler, como tem sido corretamente chamado nas
redes sociais e na internet) se “justificou” acusando Black blocks e dizendo
que a reação da polícia foi direcionada a eles. Ora, faça-me o favor! Será que
Richa, governador de um estado tão importante, não sabe distinguir nem isso? Ou
é tão difícil assim separar um Black block de um professor? E ele afirmou que
eram “alguns”. Os professores feridos foram quase duzentos. O nome disso é
massacre.
Os
manifestantes tentavam chegar até a Assembleia Legislativa do estado, um prédio
público, do povo, mas que estava cercado por policiais. Quatro mil agentes
públicos, que em vez de patrulharem e protegerem o cidadão, estavam deslocados
para guerrear contra professores. Estes protestavam contra um confisco da
previdência do estado proposto pelo governador e ainda por uma série de perdas
de direitos trabalhistas e previdenciários. Diante do resultado, mesmo justos, os
motivos acabam por irrelevantes na análise. Qualquer que fossem afinal, não se
justifica a abominável barbárie.
Há
vídeos circulando com membros do governo paranaense comemorando a “ação” policial.
Isso sim é crime. Aqueles que poderiam impedir o massacre, além de se omitir,
festejam a tragédia. É uma inversão total de valores. Forjou-se uma foto de um
policial “ferido” para dar ares de ação legítima contra inimigos poderosos e
perigosos. O sangue que escorria era tinta, como a própria policia assumiu. A
arma dos professores é mesmo tinta, mas aquela que escorre de suas canetas. É
por elas que na maioria das vezes se manifestam. A pantomima é ridícula. Mas é
trágica e expõe entranhas nada agradáveis.
Há
um alento nisso tudo e que deveria servir de exemplo. Há dezessete policias
presos. Exatamente por se recusarem a participar do massacre. Alguém ainda é
digno, felizmente. Porém, os valores continuam invertidos: quem deveria estar
preso no lugar é quem ordenou ou foi conivente com isso tudo. Ou a democracia
que tanto foi pedida pelos eleitores tucanos nas ruas não deve ser respeitada
nessas horas? É assim que se calam protestos quando são contra eles? Alguém foi
alvejado, mordido ou sufocado nas manifestações contra o governo federal?
Ainda nem mencionei que o governador é do
PSDB. Mas é imperioso se lembrar disso. E o partido dele, não vai se
posicionar? E Aécio Neves que nem dorme em sua cavalgada louca contra Dilma,
acha tudo normal? Deve achar, certamente. Em Minas ele também era ditador. É o
jeito tucano de fazer política.
Um
partido que tanto fala em impeachment,
em liberdade, que ilude os incautos ao anunciarem que vivemos sob uma ditadura,
deveria agora se movimentar e dar o exemplo. Se tivesse o mínimo de dignidade,
Beto Richa renunciaria, largaria a política herdada do pai e iria brincar de
outra coisa. Como deveriam fazer muitos outros filhotes e netinhos mimados
tucanos.
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