quinta-feira, 4 de julho de 2013

RECEITAS DE AMOR? NÃO, OBRIGADO.


                Dentre as inúmeras ‘receitas de vida’ publicadas nas redes sociais, chamam-me a atenção algumas relacionadas ao amor, tema, sem dúvida, dos mais recorrentes e que possui um grande números de ‘experts’ ou de frustrados que gostam de se expor ou, mais ainda, de “aconselhar” os menos afortunados.
                Insistem, alguns deles, em uma espécie de racionalidade do amor. Os ‘conselhos’ são no sentido de que “ame quem te ama” ou “valorize se alguém te ama, depois pode se arrepender...” Ora, será que essas pessoas tão “experientes” na matéria não sabem até hoje que não há racionalidade nisso? Ou pensam que basta querer ou basta ser amado por alguém para se amar também e na mesma intensidade e no mesmo instante? E algumas vezes expressa também um revanchismo do desiludido que gosta de vaticinar: quando você me quiser, não estarei mais disponível. Que bom.
                Reduzem um sentimento complexo como o amor a uma escolha, como se definíssemos quem amaremos e quando amaremos como definimos nossa profissão, a roupa que vestiremos, o que vamos comer ou o time para o qual torcemos. Amar vai muito além da racionalidade ou de receitas imbecis e falsamente românticas. Tanto é que nem me atreverei a tentar qualquer definição ou ensaio aqui.
                Outro ponto que conforta alguns frustrados é a afirmação do tipo “se for seu(sua), volta” ou “se for pra ser, será.” Será mesmo??? Aí saímos do terreno firme da racionalidade para o pantanoso imponderável. Mantém-se como combustível uma esperança que provavelmente nunca se materializará, mas o incauto se prende a ela, aumentando a desilusão e o rancor. Mas como lamentavelmente vivemos na era da auto-ajuda, parece uma dica viável...
                Outra ridícula é a que afirma que “se acabou, não era amor”. Ah é??? Então quer dizer que amor não acaba ou que só amamos uma vez? Parece-me mais uma forma de tentar justificar relacionamentos longos, mas falidos há muito. “Nos amamos, acima (e apesar) de tudo.” E são infelizes nessa utopia. Por que não amar muitas vezes? Claro que é possível. Amores nascem, surgem, se transformam, crescem  e, muitas vezes, acabam sim. Prefiro seguir com Raul Seixas na belíssima “Medo da Chuva”: “ninguém nesse mundo é feliz tendo amado uma vez...”
                Ame... sem receita.

                

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