Se fosse há dois mil anos...
- Governador, governador!
- Que foi? Que algazarra é essa lá fora?
- Apareceu um carpinteiro aí, juntou uns doze amigos e tá
fazendo a maior revolução.
- É mesmo? Mas como?
- Disse que quem segui-lo vai alcançar a salvação, que ele é
o caminho...
- Mas isso é assistencialismo! Esse povo tem é que
trabalhar. Estamos aqui nos matando pra desenvolver a terra deles. E o que
dizem? Tem muita gente?
- O povo tá seguindo, são uns alienados. Dizem que ele
defende uma causa, igualdade, justiça, que tem idéias, princípios... estão
chamando até de Messias.
- Isso é politicagem barata pra atingir as classes baixas.
Ele é violento?
- Bastante. Acabou de expulsar na força trabalhadores dignos
de um templo.
- Vamos reagir com força máxima. É óbvio que tem gente por
trás disso. Tá na cara que é um plano para desestabilizar Roma. Ele é filho de
quem?
- Disse que é filho de Deus...
- O que??? Manda prender agora! Esse tipo de gente é muito
perigoso. Vou até criar um slogan pra posteridade: revolucionário bom é
revolucionário morto. Se a gente deixa, daqui a pouco vai aparecer até
metalúrgico querendo ser presidente por aí. Deus me livre...
Humanidade, combatendo manifestações com inteligência há
dois mil anos.
Argumento e colaboração: Rogério Dias
Texto: Bernardo Schmidt Penna
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