segunda-feira, 11 de novembro de 2013

“ADVOGADOS” MUNICIPAIS

Não posso esconder a minha satisfação ao ler na Tribuna da semana passada que, enfim, o ministério público denunciou o prefeito de Cacoal e alguns dos seus sequazes por algo que todo mundo já sabia e comentava: a horripilante e injustificável “contratação” de um escritório de advocacia de outro estado para “advogar” pelo município a valores astronômicos e com aparente “direito” a indicar servidores, como o ex-procurador geral e a assessora do prefeito, também denunciada, que possuem ou possuíram vínculos com o tal escritório. Tal servidora é a mesma que ofendeu este nosso querido jornal, num indisfarçável incômodo com o fato da Tribuna noticiar a verdade, sem compromisso nem rabo preso com ninguém. Essa independência realmente deve incomodá-la, minha senhora.
Houve, de fato, como noticia muito bem este nobre semanário, um certame licitatório, que agora se revela aos olhos do ministério público, pois os bem informados da cidade já sabiam de há muito, absolutamente irregular. Creio que nosso alcaide, talvez inspirado no guru máximo de seu partido, não deveria saber de nada. Aliás, me parece que ele nunca sabe de nada, não sendo nem mesmo consultado sobre os caminhos de nosso município. Mas sempre tem quem saiba, senhor prefeito, e essas coisas uma hora vêm à tona. E, como religioso que é, sabe que mais cedo ou mais tarde terão de pagar pelos “pecados”.
Anoto, por oportuno e para estarrecimento, que nossa cidade possui uma banca de cinco procuradores municipais concursados, além de seus assessores, bem como dois cargos em comissão: procurador e, pasmem, subprocurador do município. Não dá pra imaginar uma demanda tão extensa para uma cidade de oitenta mil habitantes e uma necessidade de se contratar um escritório de fora para atuar em causas corriqueiras e simples. É legalmente injustificável, mas, em política, essas coisas acabam acontecendo, lamentavelmente. Mas enfim o MP lançou luzes sobre o caso e torce-se para que dê o resultado esperado e se alcance a justiça, a bem dos cofres públicos municipais, eternamente combalidos, bem como da necessidade de termos servidores probos em nossos quadros.
Cacoal, de uns tempos pra cá, tem funcionado como uma cidade de administração, digamos, inusitada, pra não dizer absurda. Trata-se de um canhestro sistema parlamentarista, inapropriado – e impossível – em nível municipal. Suponho que seja inédito, inclusive. O que caracteriza essa espécie de sistema de governo é que há dois “chefes”, o Chefe de Estado, figura política, representativa, quase decorativa e o Chefe de Governo, verdadeiro líder do executivo, normalmente denominado primeiro-ministro e indicado pelo Chefe de Estado, este sim eleito legitimamente.
Em nossas paragens, o “prefeito” Franco se mostra mesmo como uma verdadeira “rainha da Inglaterra”, termo usado às vezes de forma pejorativa e que caracteriza um governante que tem apenas função representativa, que na prática não “apita nada”. Foi reeleito em votação bastante apertada, mas tem seu carisma, sobretudo entre a população carente e funciona bem em viagens para a aquisição de recursos já que é correligionário da presidenta e simpático ao governador e a alguns deputados. Mas para por aí.
As fontes da coluna na administração municipal informam em uníssono que quem manda realmente, que quem é “chefe de governo” em nosso município não é o prefeito e sim sua principal assessora, ora denunciada nessa enorme irregularidade. O que se diz é que nada se faz ou se mexe na administração municipal sem o seu aval ou sua simpatia. E ai de quem desafiá-la ou simplesmente desagradá-la. Basta ver a enorme rotatividade em cargos do primeiro escalão da administração. Ex-secretários e ex-procuradores afirmaram ter deixado o governo da cidade por problemas com a citada servidora. Preferia que estivessem enganados, mas pelo visto não estão. Seria muito digno do prefeito que afastasse sumariamente a “turma”. Preservaria a sua imagem e mostraria pulso e poder de decisão. Mas duvido muito.
O resultado disso tudo está aí, saltando aos olhos. Nossa cidade, além do caos interno na administração, enfrenta um momento extremamente desagradável. Basta ver o estado de nossas ruas e avenidas, os problemas de abastecimento e saneamento e a má condição de bairros mais carentes. Se, além de maus administradores, se provar que são ímprobos, devem ser extirpados imediatamente, sob pena do poço se tornar cada vez mais sem fundo e o futuro de nossa cidade cada vez mais sombrio.

HOMO SAPIENS
“Aquele que se conduz por outro compasso que não o senso de dever pode ser popular, mas não é honesto, e, portanto, não é um servidor público útil.” John Wilson Crocker, político irlandês.

“O poder tende a corromper, e o poder absoluto corrompe absolutamente.” John Dalberg-Acton, historiador inglês.

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