sexta-feira, 16 de maio de 2014

RETRATO DO VAGABUNDO

É errônea a ideia que se tem de que o vagabundo é todo sujeito que não trabalha. Há algumas hipóteses em que se é possível, digamos, evitar trabalhar. Se o sujeito herdou uma fortuna, por exemplo, e optou pelo ócio, não há o que condenar. Se ganhou vultoso prêmio de loteria e abandonou preocupações laborais, também deve ser eximido da ingrata pecha. Se já amealhou numerário polpudo com o trabalho e se cansou, também pode se “aposentar” antes da hora. Mas, se deve parar por aí.
                Vagabundo é, na verdade, aquele que deveria trabalhar e, por opção ou “vocação”, não trabalha. Precisa, pelo próprio sustento ou da família ou eventualmente da prole, mas se recusa, voluntariamente. Não procura, não produz, não desenvolve. É um pária. E também um parasita, já que vai ter de achar alguém para bancá-lo. E normalmente são exigentes quanto a um bom padrão de vida e a hobbies sofisticados. Normalmente é um perdedor nato que tenta reverter essa situação à custa dos outros.
                O vagabundo, pela exclusão e pela desídia, não consegue ter dinheiro justo, honesto ou merecido. Se aparece com algum, ou tomou ou enganou alguém. E há alguns desses sujeitos que conseguem se fazer passar por vítimas ou por “injustiçados” durantes anos. Outros, mais repugnantes ainda, aplicam golpes até em filhos. O vagabundo, muitas vezes, é covarde.
                Tal laia presta não só um desserviço social, como também uma péssima influência aos filhos e aos pares. A opção razoável e não condenável por não trabalhar, como dito acima, é muito remota e trabalhar significa também dar exemplo, mostrar que as coisas não vêm tão fáceis e que viver à custa de outrem é algo indesejável. O contrassenso está no fato de que, para muitos vagabundos, as coisas vêm fáceis mesmo. Mas chega uma hora em que acaba a farra. E aí muitos se perdem.
                Quando esse dia chega, muitos se colocam, conforme já falado, como vítimas, como injustiçados, mas, doentes que são, fingem pra plateia, muitas vezes incauta (como filhos pequenos, por exemplo), que nada aconteceu e se esforçam (algo difícil para eles, anoto) em tentar mostrar que tudo continua como sempre foi e que não dependem de ninguém. Nem do trabalho... É uma megalomania doentia mesmo, patológica. A farsa deve ser sustentada, não se admitindo ao público a vulnerabilidade e a necessidade. A falta de escrúpulos é característica marcante.
Mas tal encenação não costuma durar muito, felizmente. É certo que ninguém gosta de sustentar vagabundo. Pelo menos, se fazem, é só por um tempo. Às vezes até por alguma misericórdia, o que deflagra uma das piores faces da questão, pois coloca o vagabundo na posição mais ingrata possível: ser digno de pena.
 O vagabundo acaba isolado, afastado da sociedade, resultado da patologia que ele mesmo lhe impingiu. Seu futuro é incerto. A cadeia é um dos que melhor se afiguram, já que são golpistas por natureza e inescrupulosos por vocação. Muitas vezes, coisas que deveriam ser aprendidas em casa acabam por ser ensinadas efetivamente na rua, o que redunda em algo bem mais doloroso, tanto no sentido literal quanto no figurado.

A conclusão é óbvia: Vagabundos são nocivos, deletérios à sociedade. E vale o conselho: Nunca sustente ou se deixe enganar por um vagabundo!

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