terça-feira, 14 de maio de 2013

ESSA É A SELEÇÃO???

                É dispensável dizer o quanto o brasileiro gosta e acompanha futebol. Não fujo à regra e hoje comunguei desde cedo os bastidores, movimentações e comentários sobre a lista de convocados para a Copa das Confederações a ser anunciada pelo técnico (?) Luis Felipe Scolari, a quem abomino, ressalto. Muita especulação e, no fim, pouca surpresa, embora tenhamos um time abaixo da crítica e carente de esperanças.
                Tenho pra mim que seleção é não só para jogar futebol e sim para jogar ‘o melhor’ futebol, e, no nosso caso, ainda representar aos olhos do mundo o decantado e já duvidoso ‘país do futebol’. Para isso, parece-me evidente, deveriam ser chamados os melhores jogadores. Penso que o ‘grande’ Scolari deve discordar de mim.
                Foram convocados ilustres desconhecidos como um tal Luis Gustavo, que deixou o muito bom Ramires de fora e um Filipe Luis, que pouco se ouviu ou se viu, mas que expõe a flagrante falta de opções. Além deles, um Leandro Damião de quem já tínhamos nos esquecido, já que não faz gol há tempos. Tem ainda a piada do 'super-heroi' Hulk, um Adriano piorado, que cetamente não é capaz de nos salvar...
                O que mais indigna, no entanto, é que o melhor jogador em atividade no país, líder e maestro do time que tem jogado um belo futebol como há muito não se via, ficou de fora. Ronaldinho Gaúcho era barbada na lista. Menos para o técnico da CBF. Mais uma vez ou Felipão está cego ou fez birra e não chamou o melhor, assim como fez com Romário em 2002. Mas naquela época tinha quem o substituísse, um Ronaldo no auge e um Rivaldo inspirado. Quem ele vê para o lugar de Ronaldinho? O ‘craque’ são paulino Jadson? Deve ser brincadeira...
                Sediar a Copa das Confederações e a Copa do Mundo, em que pese o descalabro de gastos e o pequeno legado, deveria significar o grande resgate do futebol brasileiro, marcado nos últimos tempos por escândalos e pelo pouco brilho e poucos craques. Parecia que depois de uma desastrosa (para ser sutil) administração Ricardo Teixeira na CBF dificilmente as coisas iriam piorar. Mas não. Está muito ruim ou até pior. Nos acostumamos a um imaginário favoritismo perpétuo da seleção brasileira. Mais uma ilusão. Temos um filhote da ditadura na presidência, um ex-técnico no comando e jogadores fracos no elenco. Assim fica difícil torcer...

sábado, 11 de maio de 2013

UM ANO DE BLOG


Há exatamente um ano venci a minha própria resistência e decidi aceitar a sugestão e o incentivo de pessoas às quais eu enviava por e-mail meus textos e criei este blog, lançando no infinito da internet meus pensamentos. Hoje O Percepcionista completa um ano. E como passa rápido.

Neste ano foram mais de trinta textos, com quase oito mil visualizações e inúmeros comentários, o que me deixou muito feliz, além de envaidecido, é claro. Longe da pretensão de querer cair no clichê de “formador de opinião”, o espaço serve apenas para exteriorizar minhas percepções sobre aquilo que nos cerca, fazendo, se possível, o leitor pensar um pouco. Costumo buscar temas polêmicos, pois entendo que o blog deve ter a cara de seu criador.

Sempre quis descobrir em mim algum talento para a arte e nunca consegui. Não consegui aprender a tocar violão, nunca fiz curso de teatro, canto e danço muito mal. Só me sobrava a escrita, refúgio artístico daqueles que não têm habilidade corporal. Agora me realizei, enfim. Descobri até uma incipiente veia poética...

Críticas, sugestões, elogios vieram e são muito bem aceitos. Agradeço imensamente a todos que lêem O Percepcionista e espero continuar por mais outros anos a explorar esse espaço.

                Abraço a todos e obrigado.
                

quarta-feira, 8 de maio de 2013

O VILIPÊNDIO DA PEC 33

                É um escárnio, pra dizer o mínimo, a proposta de emenda constitucional n. 33 que pretende, caso aprovada, submeter à apreciação do congresso nacional as decisões proferidas pelo Supremo Tribunal Federal. Tais sentenças dependeriam de uma espécie de ‘chancela’ parlamentar. Além de absurda, casuística e oportunista, perfaz verdadeiro vilipêndio à cláusula pétrea da secular separação dos poderes.
                A Constituição da República, datada de 1988, bem como todas as que a antecederam, instituíram como cláusula pétrea, ou seja, incapaz de ser modificada por emenda constitucional, a divisão dos poderes, dada a sua importância e necessidade. Embora harmônicos, executivo, legislativo e judiciário são independentes. Tal circunstância, por si só, já inviabilizaria a proposta. Mas não é só isso.
                Até bem pouco não se tinha notícia da condenação de políticos pelo STF. De uns tempos pra cá, começaram a ocorrer e a mais notória delas foi a que condenou diversos políticos, muitos deles da atual base governista, na ação penal 470, conhecida como ‘mensalão’. Paira como nunca antes sobre o parlamento brasileiro e seus “notáveis” integrantes o fantasma da condenação judicial por suas contumazes condutas ilícitas. No entanto, seria o cúmulo do corporativismo a condenação de políticos pelo tribunal guardião da Constituição, voltar e ser novamente apreciado pelo congresso, celeiro destes elementos.
                Cumpre anotar que na imensa maioria das vezes, quando provocado, sobretudo via ação direta de inconstitucionalidade, o Supremo Tribunal de Justiça, confirmou o que havia sido aprovado pelo congresso, ao julgar improcedentes as maiorias dos pedidos. Não há também como vislumbrar que todas as iniciativas parlamentares estariam imunes ao controle judiciário, função basilar deste poder, oriunda do conhecido mecanismo de ‘freios e contrapesos’, que promove e garante a harmonia entre os poderes da república.
                O criticado (pelo congresso) ‘ativismo’ do STF só tem realmente espaço quando o parlamento, por motivos insondáveis, deixa de editar normas. É sabido que o judiciário não pode deixar de julgar caso não haja lei sobre determinado caso. E tais lacunas são supridas pelas decisões judiciais. Vale lembrar casos como a interrupção da gravidez do feto anencefálico e a união entre pessoas do mesmo sexo, ambas marcadas por ausência de normas, mas autorizadas pelo pretório excelso, por total inoperância ou desinteresse dos legisladores.
                Em tom de desafio, convém propor aos defensores da proposta o seguinte exercício: Caso aprovada a insidiosa PEC 33, vindo a ser, após isso, submetida ao Supremo Tribunal Federal a análise de sua constitucionalidade, em sendo considerada inconstitucional, voltaria para apreciação do congresso? E de quem seria a palavra final? Nos confrontaríamos com um inacreditável e aterrador ciclo interminável.
                Convém frisar, por derradeiro, que a aprovação da PEC se deu apenas em sede de comissão, não tendo sido apreciada por qualquer das casas. Mas o bombardeio da opinião ‘publicada’, neste caso salutar, indica um possível fracasso. Caso contrário, teremos, mais uma vez de lamentar nossos “representantes".