terça-feira, 25 de setembro de 2012

DILMA BRILHOU, DE NOVO

                 A presidenta Dilma Rousseff, mais uma vez brilhou ao abrir a assembleia das Nações Unidas em Nova York. Cercada de desconfianças quando foi lançada como eventual sucessora de Lula e vítima de uma campanha sórdida de que seria um fantoche do ex-presidente, já que por ele ‘criada’, Dilma vem, cada vez mais, provando sua capacidade como presidente e líder, melhor até que seu ‘criador’. Pelo segundo ano consecutivo ocupa o posto de terceira mulher mais poderosa do mundo, segundo a revista Forbes. No plano interno, comemora uma aprovação recorde de seu governo, atingindo 62%.
                No ano passado já havia proferido o discurso de abertura da mesma assembleia, a primeira mulher a realizar o feito, sendo alvo de muitos elogios e poucas críticas. Dessa vez ela foi ainda mais longe, não se furtando a discursar, sempre com conteúdo e opinião, sobre os principais temas políticos mundiais, desde os menos inflamáveis até os mais sensíveis. Dilma sabe falar. E sabe o que fala.
                Criticou com veemência a condução militar da questão Síria, defendendo a impossibilidade de qualquer solução que não seja pela via diplomática. Reiterou sua posição do ano passado sobre a Palestina, mantendo-se como partidária do reconhecimento da palestina como Estado soberano, em nome da paz. Criticou ainda o que chamou de preconceito islamofóbico. A presidente brasileira mostrou segurança e ponderação em seu discurso, mesmo tratando de temas tão espinhosos.
                Na questão econômica asseverou ser imprescindível uma cooperação entre países e organismos multilaterais. Usando da técnica, deixou claro não acreditar em soluções mirabolantes nem apenas baseadas em políticas monetárias. Criticou ainda a guerra fiscal de alguns países e rechaçou a acusação de protecionismo dirigida ao Brasil pelos Estados Unidos. Saiu-se bem melhor que Barack Obama que, como sempre acontece com os estadunidenses, falou deles e para eles. Dilma falou do mundo e para o mundo.
                Dilma herdou de Lula um país com uma invejável posição no cenário internacional, tudo aquilo que Fernando Henrique sonhou, mas não alcançou. Parece que há potencial para ir mais longe e ela sabe disso. E melhor, sabe como fazer.

terça-feira, 18 de setembro de 2012

JESUS MAIS HUMANO. E CASADO.

                Mesmo não tendo religião, sempre achei Jesus um indivíduo muito interessante, sobretudo pelo seu lado de grande revolucionário, líder e defensor da justiça e da solidariedade. Mas faltava à biografia desse Jesus que eu admiro um fator: uma mulher. Ter tido ao menos uma mulher na vida faria de Jesus um homem mais completo, no meu modo de ver.
                E não é que agora pesquisadores da cultuada Harvard descobriram um papiro, supostamente dos antigos evangelhos, em que se lê que Jesus tinha uma esposa. E mais, que, segundo ele mesmo, ela poderia se tornar sua discípula. Vejam como são as coisas: alguém, em algum momento histórico, decidiu subjugar as mulheres, relegando-as a um absurdo segundo plano, tirando-as até mesmo de Jesus.
                Tenho sempre a impressão de que o lado humano de Jesus, que certamente o acompanhou, já que ele viveu, é sempre obscurecido. Parece-me que para as religiões cristãs, Jesus só deve ser retratado como filho de Deus, esquecendo-se de que ele também foi homem. E homem, na maioria dos casos, gosta de mulher.
                Líderes são sedutores. É da essência da liderança, até mesmo coopera na sua prática. Como acreditar, portanto, que Jesus, esse líder revolucionário tão grandioso, não se curvaria aos encantos femininos. Em nada atrapalharia sua obra, quem é homem sabe. Aliás, a maioria dos herois bíblicos era casada. E alguns tinham várias mulheres, inclusive. Por que não Jesus, já que foi o maior deles?
                Isso nos leva ainda, felizmente, à negação de que o prazer sexual seja associado ao pecado. Pois, se Jesus tinha mesmo uma mulher, e a autenticidade do papiro foi confirmada por pesquisadores de Harvard, destaque-se, ele certamente mantinha com ela relações sexuais. Nada mais natural. Até pra ele, enfim. E não vai aí nenhum desrespeito, ao contrário. Venho só demonstrar um acréscimo de admiração.
                A par de todas as teorias conspiratórias, códigos da Vinci e que tais, estamos diante um fato novo, científico, com autenticidade comprovada. Já se disse sobre evangelhos suprimidos. Será que esse é um fragmento daqueles? É certo que alguém atrasou em séculos a vida da mulher, afastando-a do maior símbolo religioso de todos os tempos. Mas agora sabemos que isso não partiu de Jesus, já que ele foi casado. Alguém deturpou a história mais uma vez, o que não surpreende.

terça-feira, 11 de setembro de 2012

BIN LADEN E O SEBASTIANISMO

Como nessa semana o blog ficou sem texto e como hoje é dia 11 de setembro, decidi publicar um texto que escrevi no ano passado, antes da criação do O Percepcionista.

Don Sebastião I (1554-1578) foi o décimo sexto Rei de Portugal e desapareceu lutando na batalha de Alcácer-Quibir, no norte da África, em 1578. Como seu corpo nunca foi efetivamente encontrado, havendo relatos discordantes de possíveis visões posteriores do monarca, criou-se em torno de sua morte um mito – o Sebastianismo - segundo o qual o Rei não teria morrido e retornaria como um messias para salvar o povo português.
Osama Bin Laden (1957-2011), terrorista saudita, fundador e líder da rede terrorista al qaeda, foi o mentor do atentado contra as torres gêmeas, em Nova York, em setembro de 2001, dando início à chamada ‘guerra contra o terror’, tornando-se o inimigo público número 1 do século XXI. Um dos homens mais procurados do mundo, foi morto por tropas estadunidenses em uma mansão no Paquistão no último domingo.
Mesmo que aparentemente não se aviste semelhança entre os dois, a incerteza quanto ao destino de seus corpos pode causar efeito parecido. Os Estados Unidos optaram por jogar ao mar o corpo de Osama Bin Laden, num sepultamento simbólico, mesmo que injustificado. Ou seja, ninguém viu nem verá o cadáver.
Assim como o povo Português teve no mito criado em torno de Don Sebastião um mártir, capaz de, em seu retorno, significar o salvador de Portugal, país que se via sem autoconfiança, diante de derrotas que poderiam redundar na perda de sua soberania, alguns extremistas do islã, sobretudo talibãs, podem enxergar num Osama Bin Laden sem corpo, sem sepultamento, sem imagens que comprovem sua morte, um novo Don Sebastião, eventual messias, apto a, em sua volta, salvar a causa islâmica em sua eterna luta conta a sociedade judaico-cristã ocidental. O próprio Bin Laden chegou a afirmar que poucos como ele haviam sido enviados por Alá para se tornarem mártires. Os EUA parecem estar querendo fomentar a “dádiva”.
O Sebastianismo português tem inúmeros simpatizantes, havendo se espalhado inclusive em outros países colonizados por Portugal, como é o caso do Brasil. Radicais islâmicos, seguidores ou simpatizantes da causa de Osama, existem aos milhões pelo mundo, até mesmo no Brasil.
As conseqüências do patrocínio estadunidense ao Sebastianismo de Osama Bin Laden só poderão ser conhecidas no futuro. Mas é sabido que o ser humano é pródigo em criar mitos. Ainda mais com um fomento desses.

quarta-feira, 5 de setembro de 2012

JURIDICAMENTE CORRETO

                A terminologia ‘politicamente correto’ surgiu nos meios lingüísticos com o objetivo de evitar ou excluir da linguagem termos preconceituosos. Nasceu nos Estados Unidos e se difundiu pelo mundo e para outras áreas além das letras, para chateação de todos. Hoje somos seus reféns. Tudo tem de se curvar ao politicamente correto. Nossa fala, nossos hábitos, nossas condutas, nossa cultura, nossas piadas... Qualquer coisa que fuja desse modelo é mal vista, questionada, condenada.
                Com efeito, os humoristas têm sofrido, aparentemente, mais do que todos. A piada em que se incluem tipos como negros, gays, deficientes etc passou a ser execrada. Mesmo que tenha graça. O riso é dissimulado, não ‘pega bem’ rir dessas coisas. Aquele humor chamado de ‘humor negro’ está proibido, indiretamente. E pior, está sendo perseguido até pelo ministério público, fiscal da lei. O humorista está a um passo da bandidagem neste novo e lamentável cenário.
                Há pouco tempo o Rafinha Bastos foi investigado pelo ministério público por conta de uma piada associando mulheres feias e estupro. Agora é a vez de Rodrigo Santana cair na esparrela. Sua nova personagem no humorístico Zorra Total está sendo acusada de carregar um cunho racista. Outros também já experimentaram esse tipo de “intervenção”. É a ditadura do politicamente correto aliada a uma ‘sensibilidade’ extrema de nossa sociedade. Quando convém, é claro. Fico preocupado de que se queira mudar até o nome do atacante do Flamengo Negueba para algo como ‘afrodescendenteba’, por exemplo. Parece exagero. E é. Mas é isso que estão querendo com esse patrulhamento exagerado..
                Mas o que também assusta agora, sobretudo a partir dessas intervenções e investigações criminais que estão na moda, mais do que se adequar ao politicamente correto, é ter que se preocupar com o juridicamente correto. O risco de se falar ou fazer alguma coisa que antes era apenas uma ‘incorreção política’, está ganhando ares de delito. Processos judiciais são boa fonte de dinheiro e tem muita gente de olho. O que já era chato, agora é perigoso. E tome censura disfarçada. E vamos nos tornando cordeirinhos do pensamento único. Temos sempre de nos enquadrar. Agora sob pena de responder criminalmente ou de pagar vultosas indenizações. A justificativa é que esse tipo de manifestação é preconceituosa e/ou ofende aqueles que são retratados. Esquecem que é piada e que o que mede o humor é ter graça ou não. Ponto.
                A liberdade de expressão e pensamento é garantida pela Constituição da República. É valor em uma sociedade supostamente livre. Não é se limitando ou inibindo as manifestações bem humoradas, sejam elas politicamente corretas ou incorretas, engraçadas ou sem graça, que se chega a uma sociedade despida de preconceitos. A rigor, não sei nem se isso é possível. Mas como na maioria das vezes, estão fazendo do jeito errado.