A presidenta Dilma Rousseff, mais uma vez brilhou ao abrir a assembleia das Nações Unidas em Nova York. Cercada de desconfianças quando foi lançada como eventual sucessora de Lula e vítima de uma campanha sórdida de que seria um fantoche do ex-presidente, já que por ele ‘criada’, Dilma vem, cada vez mais, provando sua capacidade como presidente e líder, melhor até que seu ‘criador’. Pelo segundo ano consecutivo ocupa o posto de terceira mulher mais poderosa do mundo, segundo a revista Forbes. No plano interno, comemora uma aprovação recorde de seu governo, atingindo 62%.
No ano passado já havia proferido o discurso de abertura da mesma assembleia, a primeira mulher a realizar o feito, sendo alvo de muitos elogios e poucas críticas. Dessa vez ela foi ainda mais longe, não se furtando a discursar, sempre com conteúdo e opinião, sobre os principais temas políticos mundiais, desde os menos inflamáveis até os mais sensíveis. Dilma sabe falar. E sabe o que fala.
Criticou com veemência a condução militar da questão Síria, defendendo a impossibilidade de qualquer solução que não seja pela via diplomática. Reiterou sua posição do ano passado sobre a Palestina, mantendo-se como partidária do reconhecimento da palestina como Estado soberano, em nome da paz. Criticou ainda o que chamou de preconceito islamofóbico. A presidente brasileira mostrou segurança e ponderação em seu discurso, mesmo tratando de temas tão espinhosos.
Na questão econômica asseverou ser imprescindível uma cooperação entre países e organismos multilaterais. Usando da técnica, deixou claro não acreditar em soluções mirabolantes nem apenas baseadas em políticas monetárias. Criticou ainda a guerra fiscal de alguns países e rechaçou a acusação de protecionismo dirigida ao Brasil pelos Estados Unidos. Saiu-se bem melhor que Barack Obama que, como sempre acontece com os estadunidenses, falou deles e para eles. Dilma falou do mundo e para o mundo.
Dilma herdou de Lula um país com uma invejável posição no cenário internacional, tudo aquilo que Fernando Henrique sonhou, mas não alcançou. Parece que há potencial para ir mais longe e ela sabe disso. E melhor, sabe como fazer.