terça-feira, 3 de julho de 2012

OS OPOSTOS SE AFASTAM

               É famosa a lei da física que dispõe que “os opostos se atraem”. Trata-se da parte referente ao eletromagnetismo em que os pólos magnéticos positivos atraem pólos magnéticos negativos e que aqueles iguais, positivos ou negativos, se repelem. Na física, ciência exata, isso é possível e invariável. No entanto, insistem em transportar tal lei para outros campos em que ela, definitivamente, não se aplicará.
                Muito comum se ouvir, sobretudo quando se refere a relacionamentos humanos, que “os opostos se atraem”. Será mesmo? Parece pouco provável. As relações humanas não são travadas de maneira matemática, exata, nem mesmo são pautadas na busca de pessoas que representam nosso avesso.
                Por influência da fama da expressão, muitas pessoas acabam por se enganar, imaginando que a busca por alguém deva ser orientada por uma investigação das diferenças e não das semelhanças. A rigor, demora-se um pouco a se extrair as características de alguém. Não as trazemos estampadas na testa, demandando-se algum contato e convivência para que se conheça um pouco sobre a pessoa. E, em alguns casos, isso nunca chega a acontecer.
                A expressão serve não só para relações matrimoniais, embora seja onde mais se imagine a possibilidade da atração de opostos. Acontece de vermos casais aparentemente inconcebíveis devido a abismos em relação a suas características. No entanto, são esses os que mais se frustram.
                 Também nas amizades, nas relações profissionais, familiares, escolares, sociais etc, nos aproximamos daqueles que se parecem conosco. Compartilhamos e dividimos semelhanças e não diferenças. Daí a inafastável formação de grupos. Esses grupos são grupos de interesse. E são esses interesses comuns, sejam da natureza que for, que unem os seres humanos em suas relações interpessoais.
                Dizer, em termos de relações humanas, que “os opostos se atraem” só serve para justificar más escolhas. Opostos se afastam neste âmbito, pelo menos na esmagadora maioria dos casos. Por mais que procuremos relações que nos completem, não será por meio de nossos antípodas. Características semelhantes é que fazem com que nos aproximemos dessa completude.
                Talvez o problema maior seja encontrar o semelhante. Daí a precipitação em se aceitar até mesmo o oposto. O brilhante Mário Quintana afirmou: “Se eu amo meu semelhante? Sim. Mas onde encontrar meu semelhante? 
               

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