sexta-feira, 20 de julho de 2012

O FUMO E A LEPRA

                Leprosos foram excluídos e marginalizados durante séculos. A lepra era uma doença sem cura, transmissível ao contato, assustadora, que fazia com que se isolassem seus portadores e causava efetivamente um pânico social a possibilidade de convívio com leprosos. Li que até na bíblia a lepra era considerada um mal absurdo, tido mesmo como um pecado. Hoje, a doença tem cura e, em nome do politicamente correto, nem se chama mais de lepra e sim Hanseníase.
                Os fumantes estão se tornando os novos leprosos. Há uma campanha pela ojeriza ao fumo tão marcante que, mesmo pessoas que até pouco tempo não se incomodavam com o cigarro, passaram a participar dessa cruzada anti-tabagista. Aparentemente em nome da chamada “boa saúde” e de uma duvidosa preocupação com a saúde do próximo.
                Pensa-se, equivocadamente, que só o fato de não fumar – aliado ao de combater o fumo – já serve como garantidor de saúde próspera. Tive a oportunidade de visitar alguns shoppings nessas férias e, pelas enormes filas de Mc Donald’s, Burger Kings e outros, vi que a população está muito preocupada com a saúde... Mas o cigarro é o vilão da vez e a campanha é forte e angaria cada vez mais adeptos e defensores. Leis anti-fumo pipocam pelo mundo e isolam cada vez mais os tabagistas.
                Não vai longe o tempo em que se podia fumar em qualquer lugar e em que a maioria das pessoas fumava, ou, no mínimo, não se importava. Fumar era um hábito social. No cinema era até sinônimo de charme ou de rebeldia. Hoje, se assumir fumante parece o mesmo que dizer que comete um crime grave. “Você fuma????”. O fumante passou a causar espanto, embaraço e passa também por um processo de marginalização. Já não se diz que não se pode fumar em todos os lugares. Na verdade são raros os lugares onde isso é permitido. Criam-se dificuldades imaginando que isso inibirá a prática.
                Um dos argumentos - ridículo por sinal - é de que o fumante passivo está mais exposto aos malefícios do cigarro do que o próprio fumante. Ora, se for assim, talvez seja então melhor fumar do que não fumar. Se o fumante passivo está em piores condições que a ativo, vamos todos fumar.
                Brincadeiras à parte, já é mais que sabido que não se deixa de fazer alguma coisa por esta ser proibida. Se faz ou não se faz algo pela consciência que se tem de que aquilo é certo ou errado. Num tempo em que se defende tanto a liberdade nas escolhas, a ditadura, a truculência e a marginalização impostas aos fumantes não resolverão qualquer problema e certamente serão nocivas. Que o digam os antigos leprosos.

4 comentários:

  1. E o curioso é que ao mesmo tempo em que se execra o cigarro e o fumante, luta-se, de maneira velada ou explícita, mas obstinada, pela liberaçção da maconha. ??!! Mas isso merece uma crônica à parte.
    Eder Schmidt

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  2. Sem dúvida, Eder. Vou pensar no assunto e preparar alguma coisa. Abraço.

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  3. Com todo respeito Bernardo, seu texto é muito raso.
    Eu me incomodo sobremaneira com o cigarro, principalmente porque, ao meu ver, o cheiro é péssimo e causa mal-estar mesmo. Quer fumar? Fume dentro da sua casa, da sua empresa, do seu carro, não obrigue pessoas ao redor a sentirem o mesmo cheiro insuportável e nocivo.
    Quanto à liberação da Maconha, que também deve ter uma bela regulamentação para não incomodar os não usuários, trata-se de uma troca de lentes para frear a sórdida marginalização de jovens pobres do nosso país. Basta uma volta de meia hora na Holanda para você ter ideia de como as coisas funcionam com a legalização e como isso em nada aumenta a criminalidade. Criminalizar é estúpido e só favorece facções. Fumar cigarro é igualmente estúpido e só satisfaz ao fumante. Ambas as coisas devem ser, com certeza, sempre isentas de criminalização, mas tendo seu uso restrito ao fumante, isentando a população de tolerar odores e sujeiras pelas ruas.

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